julgamento

Presidente da AVTSM diz que decisão de manter local do júri da Kiss é uma 'decepção'

Jaiana Garcia

Em decisão desta quarta-feira, o juiz Orlando Faccini Neto, que presidirá o júri do caso Kiss, negou o pedido da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) para transferência do local do julgamento em Porto Alegre. No pedido de mudança de local, a AVTSM havia sugerido espaços com capacidade maior, como o Auditório Araújo Viana, o teatro da Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS) e o Centro de Eventos da Fiergs. 

Desprezar decisões judiciais configura crime de responsabilidade, afirma presidente do STF

O presidente da AVTSM, Flávio Silva, falou ao programa Madrugada CDN sobre a decisão. Para ele, é uma decepção muito grande, depois de oito anos de luta por Justiça, as famílias serem excluídas e terem os direitos violados dessa forma:

- Nos sentimos condenados por não poder assistir ao júri dos acusados de terem matado nossos filhos. Faltou sensibilidade do magistrado e do Tribunal de Justiça do Estado. Não queremos lotar nenhum espaço. Entendemos que o momento exige cuidado para preservar vidas na pandemia, mas fazer num local onde não vai acomodar mais do que 60 pessoas é o fim da picada.

Até o final do ano, 8 mil famílias santa-marienses podem receber Auxílio Inclusivo Municipal

Na decisão, que não cabe recurso, o magistrado destacou que o Auditório Araújo Viana "permanece desaconselhável quanto aos quesitos de logística e de segurança, tendo em vista o porte do local, seus inúmeros acessos e demais especificidades. Além disso, para o período entre novembro e dezembro de 2021 já estão previstos inúmeros eventos, o que inviabiliza não apenas as intervenções necessárias para adequar o espaço como a realização do próprio júri". Com relação aos demais locais, o juiz afirmou a ausência de PPCI.

- Nós sabemos que logística tem um certo custo, mas nada que torne inviável. Eles (o tribunal) tiveram tempo hábil para a realização do júri em um local maior. Impossível que Porto Alegre não tenha um local com capacidade para nos receber. Esse é o descontentamento das famílias - reforçou Flávio.

LOTAÇÃO 
De acordo com o tribunal, o júri teria a capacidade de receber até 190 pessoas, caso a pandemia siga controlada até 1º de dezembro, data marcada para o começo do julgamento. Mesmo assim, não seria o suficiente para acomodar os familiares, de acordo com a associação:

- Só o pessoal da imprensa, que se cadastrou para cobrir a júri, são 100 pessoas. Vão sobrar 90 lugares. Não tem justificativa que vai nos deixar em concordância com essa decisão.

MOBILIZAÇÃO
O presidente da associação também afirmou que as famílias já estão mobilizadas para participar do júri, mesmo sabendo das dificuldades de acesso. A intenção é fazer um revezamento entre as famílias para que todos possam assistir. Flávio Silva também garantiu que a AVTSM está em negociação com locais que oferecem hospedagem para garantir que os pais e mães que têm menos condições financeiras possam ter acomodação durante os dias de julgamento. O júri tem previsão de durar de 10 a 15 dias. 

O QUE DIZEM OS ADVOGADOS DE DEFESA DOS RÉUS
A defesa de Luciano Bonilha Leão também solicitou ao Tribunal de Justiça o uso de objetos pirotécnicos em plenário. O juiz deu um prazo de cinco dias para que a defesa explique melhor o pedido. O advogado do réu, Gustavo Nagelstein, também falou ao programa CDN Entrevista, nesta tarde, e explicou o motivo de requerer o artefato em plenário:

- Queremos mostrar para os jurados o mais próximo do que aconteceu naquela noite em Santa Maria. Nós já fizemos várias experiências para demostrar o que teria acontecido na casa se efetivamente as leis do município tivessem sido cumpridas. Havia uma determinação legal que produtos inflamáveis não poderiam ter sido usados na boate e foram utilizados, infelizmente. Independentemente de qual fogo de artifício fosse usado, aquela situação não teria acontecido se a legislação tivesse sido cumprida.

Sobre o desejo do júri ser realizado em Santa Maria, Nagelstein afirmou que gostaria que a sociedade santa-mariense, que conhecia a relação entre os donos da boate e do poder público, pudesse julgar quem são os culpados:

- A cidade tem o entendimento de que havia uma relação entre o poder público e os donos da boate. Uma relação, hoje conhecendo o processo, promíscua. Em virtude de uma situação legal, ela não estaria aberta. A sociedade de Santa Maria tinha conhecimento disso. Em Porto Alegre, talvez a sociedade não saiba disso. Os órgãos públicos faziam vista grossa sobre a documentação da boate - acrescentou.

O advogado Mario Cipriani, que representa o réu Mauro Hoffmann, sócio da boate Kiss, também concedeu entrevista ao programa, e disse, ao ser questionado sobre o pedido de desaforamento do julgamento, que acha razoável a decisão de não realizar o julgamento em Santa Maria.

- A gente espera que os jurados, na apreciação da causa, tenham a imparcialidade e serenidade de decidir em cima do que vai ser discutido no plenário, alheios às informações que estão disponíveis na internet, que nem sempre contam com a fidelidade do que está no processo - salientou.



Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Operação Soturno Negro será deflagrada em setembro na região Anterior

Operação Soturno Negro será deflagrada em setembro na região

'Quem puder, adie a sua viagem', recomenda PRF Próximo

'Quem puder, adie a sua viagem', recomenda PRF

Geral